Estou com a certeza de que esta será mais uma noite insone,
como tantas outras que amarguei. Cabeça cheia de indagações, sem resposta,
apenas o latejante: por quê?
Quando precisei de sua ajuda para enfrentar um A.V.C., o que
recebi foi apenas a declaração de que estavas me abandonando, encerrando o
nosso casamento. Por quê?
Sempre tive que aceitar o relato de suas conquistas amorosas,
em silêncio. Por que aguentei a presença de sua amante por oito anos, quando não
cumpria juramento feito no altar: na riqueza, na pobreza, na saúde ou na
doença, quando dividia seu amor por três e eu dividia o meu por dois? Por quê?
Por que tinha de ser assim, durante anos, na calada da noite,
a cabeça e o coração martelando com todas estas perguntas? Consegui chegar até
o fim, sempre dando e pouco recebendo. Por quê?
Hoje, sozinha, faço a pergunta que na minha angústia e fraqueza
não tive coragem de fazer-te. Por que você não pode me amar, como eu sempre te
amei. Por quê?
Marina V. Medeiros