segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um Sonho

Esta noite sonhei com você. Um sonho tipo hollywoodiano. Corrido. Acelerado.
Começara no dia em que nos conhecemos. Quando nos vimos pela primeira vez,  espelhados nos olhos um do outro. Como se um raio nos tivesse atingido. E nosso amor começou.
No princípio éramos só nós dois, mas depois apareceu a outra. E então, éramos três. Durante um longo tempo. E vieram os filhos. E o sonho acelerava cada vez mais.
Nessa altura já não existia a outra. Voltamos a ser dois apenas. Os filhos cresceram. Os dias passaram céleres. Assim como o sonho.
De repente, havia em meu dedo anular esquerdo as duas alianças, significando que você já não existia. Isto significava também que a minha realidade atual era impregnada pela falta de quando éramos dois. As eventuais procuras pelo sexo, tornando-se apenas procuras, até terminarem em um definitivo "jamais".
Uma onda de tristeza encheu meu coração no sonho, e acordei. Levei um tempo para compreender a sensação do que me fizera acordar. Então, meu querido, eu chorei. Chorei muito, meu amor. Como chorei.

Marina V. Medeiros

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Lucidez


Estou perdendo a visão, mas não estou perdendo você. Estou com sua aliança junto à minha, lado a lado, em meu dedo. E assim sinto que o nosso amor está cada vez mais vivo. E assim será até a hora do nosso reencontro, quando estaremos, juntos para sempre. Em breve, na eternidade.

Marina V. Medeiros

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Meus versos


Quisera saber
a opinião de alguém
que pudesse sentir
o que em meus versos tento dizer.
Quisera que alguém
dissesse a verdade
usando também
um pouco de bondade,
pois meus versos são tristezas
que transbordo em saudades.
Quisera que alguém
olhando minhas flores
sentisse o perfume
dos sonhos que se foram,
e tentasse dizer
se as posso pintar
e se as devo colher.
 
Pois as flores desejo
a alguém deixar,
mas quero que sejam
flores de invejar.
Sim, quero que saibam
que tudo que tenho: meus versos,
são teus, de tanto amar.
 
Marina V. Medeiros

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Os antepassados


Quem? Aquelas velharias todas!

Este é o engano desta juventude, que acha que só tem que se incomodar com pai e mãe. Quando muito, avô e avó. É preciso incutir no mundo dos jovens o respeito para com seus antepassados. Compete a nós (os futuros antepassados) mostrar o significado de tê-los. O respeito aos antepassados deve ser cultuado por cada membro de uma família, e não ver os mais jovens tratando-os como uma “velharia”. O respeito aos antepassados deve ser cultuado por cada membro de uma família. Esse respeito é essencial para educação das gerações futuras.

É verdade que a culpa desta falta de respeito é exclusivamente nossa, os “futuros antepassados”, que não ensinamos às gerações futuras o papel que representam os antepassados. Não são só os barões assinalados e outros personagens brasonados que devem ser cultivados.  Por exemplo: o sapateiro cujo filho provavelmente aprendeu o ofício do pai, irá ter respeito pelo pai, mesmo sem saber quem foi seu avô, e mesmo sem ter a ideia de que eles são seus antepassados.
A família engloba os vivos e os que já morreram, que, portanto, devem ser vistos com respeito. Eles são exemplares do que é uma família. No continente africano existe esse culto respeitoso aos antepassados. Inclusive, é assim que a lembrança dos que vieram antes passa a ser parte da história de um povo, de uma nação. Podem incutir nos seus futuros filhos. A ideia de que eles formam uma família, família essa que pode ser unida a outra família e a diversas outras, que irão formar uma cidade; e se juntarmos outras cidades a ela, teremos um país. Quando se unem as histórias de um povo, ou seja, de uma nação, forma-se a história da humanidade.


Marina V. Medeiros

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Por quê?


Estou com a certeza de que esta será mais uma noite insone, como tantas outras que amarguei. Cabeça cheia de indagações, sem resposta, apenas o latejante: por quê?
Quando precisei de sua ajuda para enfrentar um A.V.C., o que recebi foi apenas a declaração de que estavas me abandonando, encerrando o nosso casamento. Por quê?

Sempre tive que aceitar o relato de suas conquistas amorosas, em silêncio. Por que aguentei a presença de sua amante por oito anos, quando não cumpria juramento feito no altar: na riqueza, na pobreza, na saúde ou na doença, quando dividia seu amor por três e eu dividia o meu por dois? Por quê?
Por que tinha de ser assim, durante anos, na calada da noite, a cabeça e o coração martelando com todas estas perguntas? Consegui chegar até o fim, sempre dando e pouco recebendo. Por quê?

Hoje, sozinha, faço a pergunta que na minha angústia e fraqueza não tive coragem de fazer-te. Por que você não pode me amar, como eu sempre te amei. Por quê?

Marina V. Medeiros

segunda-feira, 5 de março de 2012

Momento

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A noite é fria,
O céu é lindo,
A noite é nossa.

O luar é doce,
A hora é escura,
A noite é nossa.

O desejo é fogo,
O prazer é momento,
A noite foi nossa.

A saudade... é minha.

Marina V. Medeiros
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