sábado, 18 de dezembro de 2010

Quando eu morrer

Lá no alto do monte
Cultivam um jardim
De estranhos canteiros
Flores serenas, simétricas
De pedra ou de pau
Flores sem pétalas
Lembrando saudades apenas
Flores de cruzes o mar a olhar
Em dias de pesca
Sonham com ondas
Em brancas espumas brincando
Em dias de vento
Correm com os mares zangados
Ou em noites de lua
De  estrelas caladas
De abraços e beijos
Nas longas praias sem fim
Lembram amores passados
Carícias vividas em braços queridos
Em dias de chuva
Molhadas, suadas
Choram à luz dos relâmpagos
Implorando a paz
Para os que as foram plantar

É lá no alto do monte
Que eu quero que plantes
Mais uma cruz a velar
Não importa que chore
A longa distância que há
Num canteiro de cruzes
De flores sem nectar
Serei apenas uma saudade
À beira do mar


Marina V. Medeiros

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