sábado, 16 de julho de 2011

Quem foi Ana?


Você conhece Ana? Um belo dia, a campainha da porta do meu apartamento tocou e lá estava uma mulher, que me disse: “Eu sou Ana. Conheci o seu marido e achei-o muito inteligente e simpático. Foi através de minha sobrinha, Geruza. Minha sobrinha é dona de um apartamento que está sendo administrado pela firma onde seu marido trabalha.”
Convidei-a a entrar. Eu estava tomando café da manhã e ofereci para ela tomar junto comigo. Ela aceitou e começamos a conversar. Senti que era uma mulher muito especial, calma e atenciosa. Ana contou que gostava muito do meu marido, mas que tinha que conversar comigo sobre sua sobrinha Geruza e Armando, o meu marido. Foi logo dizendo: “sou muito franca, e quando tenho que tocar num assunto desagradável, se for necessário, eu falo de qualquer jeito. Não levo em conta empecílios, entendeu?” Foi então que me contou que andava preocupada com o relacionamento de sua sobrinha com o meu marido.
Disse que sabia que seria difícil para mim escutar o que ela iria contar, pelo fato de eu ter acabado de sair de um AVC – uma trombose na carótida que não fora fatal por metade da circulação ter sido enviada ao cérebro através da artéria ocular – e que sabia que eu estivera um mês internada. “Esse mês, eles, seu marido e minha sobrinha, ficaram juntos enquanto você estava hospitalizada. Sei que estavam muito enamorados, como contou Geruza, e que ele resolveu que assim que chegasse em casa iria se separar de você para ficar com ela. Mas ela o dissuadiu disso, por achar que ele não tinha condição de dar uma pensão para você e os oito filhos, pois não era rico. Ele aceitou o argumento, mas resolveram, ambos, que continuariam a dar um jeito de não se separarem. E foi o que aconteceu.
Ana contou que a primeira etapa do relacionamento deles durou muito tempo, cerca de três anos e, apesar de todos os seus esforços, não conseguiu que nem Geruza e nem Armando desistissem de ser amantes. Com o passar do tempo, o caso foi prosseguindo até perfazer um total de onze anos. Ana contou que conversou muito com Armando para ver se conseguia fazê-lo deixar sua sobrinha. Hoje, ela não podia admitir que um casamento de mais de vinte anos, como o meu, fosse desrespeitado dessa forma. Mas nada adiantou.
Essa foi Ana, uma mulher excepcional que tive a oportunidade de conhecer. Eu posso responder a pergunta do início: eu conheci Ana e sou grata por ela ter se aberto comigo, por ter se mostrado minha amiga. Essa foi Ana. Essa foi a Ana de minha vida. Quantos de vocês tiveram uma Ana como amiga?

Marina V. Medeiros
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário